O Jornal da Manhã desta quinta-feira (4/9) recebeu o delegado regional de Polícia Civil em Brusque, Dr. Fernando de Faveri, para uma entrevista ao vivo sobre segurança pública na região. O delegado abordou o cenário de homicídios registrados neste ano e chamou atenção para um problema ainda maior: o elevado número de mortes no trânsito.
Homicídios em Brusque
No primeiro semestre de 2025, Brusque registrou seis homicídios, número ainda considerado abaixo do projetado para o tamanho da região. Porém, o que chamou a atenção, foi a sequência registrada logo no início do ano. De acordo com o delegado, embora os casos tenham gerado preocupação, todos foram esclarecidos pela Polícia Civil, com a maioria dos envolvidos presos e processos em andamento.
“Essas mortes não têm relação com facções criminosas ou crimes urbanos típicos de grandes centros. Foram situações pontuais, conflitos interpessoais, discussões banais, muitas vezes agravadas pelo consumo de álcool, que terminaram em tragédia”, explicou.
De Faveri destacou ainda que, em Brusque, não há impunidade. “O último homicídio que não foi solucionado na cidade ocorreu em 2017. Desde então, todos os autores foram identificados e levados à Justiça”, ressaltou.
O trânsito como maior desafio
Em Brusque, o trânsito segue sendo a principal causa de mortes violentas. Enquanto os crimes com arma de fogo ou arma branca resultam, em média, em cinco a seis óbitos por ano, os acidentes de trânsito têm registrado, em média, mais que o dobro anualmente.
Segundo o delegado, os homens são as principais vítimas tanto de homicídios quanto dos acidentes viários. As motocicletas representam maior risco de morte em comparação com automóveis, devido à ausência de proteção estrutural.
Fatores locais
Brusque, Guabiruba e Botuverá somam cerca de 180 mil habitantes e possuem uma frota de mais de 110 mil veículos. Esse índice coloca a região entre as maiores taxas de veículos por habitante no Brasil.
“A elevada renda per capita, a ausência de um sistema eficiente de transporte público e a facilidade de aquisição de motocicletas contribuem diretamente para esse cenário. É um desafio não só de Brusque, mas também de cidades semelhantes, como Jaraguá do Sul e Tubarão, que mantêm índices controlados de homicídios, mas enfrentam altos números de mortes no trânsito”, analisou o delegado.
Perspectiva
Para Fernando de Faveri, a conscientização da população é o caminho mais eficaz para reduzir tragédias familiares. “Os números mostram que o maior risco para a vida do cidadão brusquense não está na criminalidade organizada, mas sim nas vias da cidade. É preciso que todos compreendam a importância de dirigir com prudência e responsabilidade”, concluiu.
Ouça a entrevista: