A Prefeitura de Brusque, em parceria com o Comitê de Gestão Colegiada da Rede de Cuidado e Proteção Social de Crianças e Adolescentes Vítimas ou Testemunhas de Violência, promoveu, nesta segunda-feira (17), uma capacitação voltada à rede de atendimento a crianças e adolescentes em situação de violência. O evento ocorreu na Uniasselvi e reúne mais de 300 profissionais de diversas áreas, incluindo Assistência Social, Saúde, Educação, forças de segurança e representantes do Poder Judiciário.
O objetivo da formação foi aprimorar o acolhimento e a proteção de crianças e adolescentes vítimas de diferentes tipos de violência. As atividades foram conduzidas pelo Instituto Ranai, referência na capacitação do setor público por meio de palestras, cursos, supervisões e seminários.
O tema central da discussão foi a Revelação Espontânea, momento em que a criança ou o adolescente compartilha informações sobre a violência sofrida com alguém de sua confiança. Já nesta terça (18) e quarta-feira (19), a capacitação será direcionada a um grupo específico de 50 profissionais da rede, que serão treinados sobre Escuta Especializada.
Durante a formação, também é abordada a Lei nº 13.431/2017, conhecida como Lei da Escuta Protegida, que estabelece diretrizes para a escuta especializada e o depoimento especial de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.
“A lei existe justamente para combater a revitimização das crianças”, destaca o psicólogo Rudinei Luiz Beltrame, do Instituto Ranai. “Em muitas situações, elas precisam relatar a violência sofrida a diferentes serviços, revivendo o trauma. Sabemos que são experiências extremamente difíceis, envolvendo culpa e medo. Quando a criança recebe uma abordagem acolhedora e direcionamento adequado, ela se sente mais segura e confiante para buscar apoio na rede de proteção”, explica.
Já a integrante do Comitê de Gestão Colegiada, Cristiane dos Santos, reforça a importância do preparo dos profissionais para garantir um atendimento sensível e eficaz. “Proteger nossas crianças e adolescentes é uma responsabilidade coletiva. Quando fazem uma revelação espontânea de violência, eles depositam em nós sua confiança e busca por segurança. Precisamos estar preparados para acolhê-los com sensibilidade, evitando causar mais sofrimento. A Lei da Escuta Protegida não é apenas um protocolo, mas um compromisso com a dignidade e os direitos desse público. Ao fortalecermos a rede de atendimento, damos um passo essencial para garantir que nenhuma criança seja silenciada ou revitimizada”.
Ainda nesta segunda-feira, no período da noite, foi realizada, na Câmara de Vereadores de Brusque, uma audiência pública para apreciação e discussão da versão preliminar do Protocolo Municipal de Atendimento de Crianças e Adolescentes em Situação de Violência.
Na oportunidade, técnicos de Desenvolvimento Social e população puderam discutir o fluxo de atendimento que deverá ser formalizado no município.