Quem chega na Epagri em Itajaí, localizada na zona rural, percebe imediatamente que o local preserva flora e fauna ricas, com animais nativos da Mata Atlântica. Percebendo este potencial ecológico, o engenheiro-agrônomo Ricardo Negreiros colocou em prática um hobby de infância, quando passava as férias no sítio da família, em São João do Itaperiú: observação de pássaros e animais silvestres. Em dois anos, Ricardo catalogou 101 espécies de aves na Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) e nove mamíferos.
Sua mais nova empreitada foi instalar uma câmera de trilha para flagrar os animais em seu habitat natural, em locais estratégicos. Para atraí-los, Ricardo colocou banana como isca e conseguiu imagens de lontra, cachorro do mato, capivara, tatu, rato do mato e gambá. Para flagrar a lontra, ele seguiu o odor característico de urina de marcação de território, na beira de um afluente do rio Itajaí-Mirim, que passa dentro da Estação. Em apenas 30 horas, ele flagrou os cinco mamíferos. Já o furão, preá, cuica (marsupial) Ricardo apenas observou.
O pesquisador de fruticultura conta que a observação de aves se consolidou quando, em viagem de férias com a família em São José dos Ausentes (RS), em 2022, o dono de uma pousada o apresentou a um aplicativo, que identifica as aves através do canto ou imagem capturada. O projeto piloto de catalogação das aves foi no sítio da família, com a ajuda do filho Pedro, em que foram identificadas 90 aves nativas e migratórias.
“A melhor época para observar aves é no outono e inverno, quando acontece a maioria dos eventos e expedições. Evitamos na primavera e verão porque as aves estão em nidificação (acasalamentos e construção de ninhos) para não incomodar as aves”, adverte. Para começar, Ricardo acredita que basta adquirir um binóculo e gostar de acordar cedo, já que é no alvorecer que as aves estão mais ativas e o clima mais fresco.
Tecnologia identifica aves e conecta observadores
Para conhecer mais sobre o assunto, o pesquisador também entrou para um grupo de observadores de pássaros no WhatsApp, criado pelo biólogo e ambientalista Cristiano Voitina, de Balneário Camboriú, autor dos livros “Aves catarinenses” 1 e 2. No grupo, que conta hoje com 263 membros, são trocadas informações sobre locais de avistamento, roteiros de turismo ecológico e encontros como o “Avistar”, que acontece na USP (SP). Também é possível conhecer o trabalho de Cristiano no site www.avescatarinenses.com.br.

Outra ferramenta utilizada pelos observadores de aves é o site Wikiaves, que tem um banco de imagens com mais de cinco milhões de aves em todo o mundo. Cada observador pode colaborar com o banco de imagens cadastrando seus achados e posicionamento geográfico. Ricardo já colaborou com 95 registros em cliques pelo Brasil e América Latina. “Os observadores contribuem com a ciência cidadã, através de fotos e localização das aves, que são estudadas pelos ornitólogos”, acrescentou.
Paixão pelos animais se tornou uma terapia
Em 2024, Ricardo fez uma apresentação para os colegas pesquisadores no auditório da EEI, em que revelou suas descobertas e deu dicas para quem queira se aventurar no mundo da observação de pássaros. Ele enfatiza, inclusive, que a prática traz benefícios para a saúde física e mental ao estreitar a relação com a natureza, além de ampliar o círculo social com pessoas que têm a mesma paixão pelos animais silvestres.

Quem ficou interessado em fazer parte do grupo de observadores de aves catarinenses, pode entrar em contato com Cristiano Voitina através do fone (47) 9953-9049. E quem já é adepto, pode participar do 1° Concurso Fotográfico COA Joinville – Aves em Foco, que está com inscrições abertas até 15 de setembro. Informações do Clube de Observadores de Aves de Joinville no perfil @coajoinville do Instagram.
Fonte: Secom/Governo de SC