Quando se vai a uma festa, o que não pode faltar é uma lembrancinha. Seja para decorar a casa, presentear alguém especial ou simplesmente guardar um pedacinho da experiência, e o artesanato é sempre uma das paradas obrigatórias da Fenarreco.
Uma das técnicas que mais chamam a atenção entre os expositores da 38ª edição é a Bauernmalerei, uma pintura camponesa tradicional que remete a flores e elementos naturais. Surgida na Alemanha no século XVII, essa técnica era usada para decorar móveis, utensílios e objetos de madeira, especialmente em regiões rurais da Baviera e do Tirol.
A pintura consiste em pinceladas curtas e curvas, conhecidas como “vírgulas”, que se sobrepõem e formam desenhos florais, folhas e arabescos coloridos. O resultado é um trabalho rico em detalhes e cheio de charme.
Em um dos estandes de artesanato, as irmãs Heloísa e Suzana são as responsáveis por transformar simples pedaços de madeira em verdadeiras obras de arte. Tudo é feito à mão, do corte das peças à pintura final. “Eu comecei há 23 anos a fazer esse tipo de pintura. Me interessei porque vi a técnica em algum lugar e quis aprender. Encontrei uma professora, mais nova que eu. Quem me ensinou foi ela, Fernanda Sachini”, conta Suzana, que dedicou mais de duas décadas a aulas e aperfeiçoamento.
“A técnica está longe de ser fácil. Ela exige muita paciência e treinamento. Muita gente começa os cursos e desiste, porque no início o trabalho não fica igual ao da professora ou de quem já pinta há muito tempo. Mas isso é natural. Com o tempo, a gente vai evoluindo e criando o próprio estilo”.
Segundo Suzana, o segredo está na repetição e na delicadeza de cada traço. “Se você olhar bem, tudo é baseado em vírgulas. As flores, as folhas, as cores, tudo parte desse mesmo movimento. É preciso paciência e persistência. Com o tempo, a gente vai aperfeiçoando e criando um olhar próprio”, explica, enquanto mostra uma das peças coloridas expostas.
As irmãs também são responsáveis por preparar o material antes da pintura. “Nós mesmas cortamos a madeira no formato que queremos. Trabalho com pinos, canela, MDF. Já pintei em armários, cerâmica, vidro e até plástico. Dá para adaptar a técnica em praticamente qualquer superfície”, comenta Suzana.
Mesmo com tantos anos de experiência, ela revela que ainda sonha em repassar o que aprendeu. “Muita gente já me pediu para dar aulas, e é uma ideia que fica rondando a minha cabeça. Estou me organizando para, quem sabe no ano que vem, começar minha primeira turma”, adianta, sorrindo.
Além das peças pintadas com a técnica Bauernmalerei, o público encontra na Fenarreco seis espaços dedicados exclusivamente ao artesanato e aos souvenires, com produtos que remetem à tradição germânica e à festa. Entre os destaques estão itens personalizados com o tema da Fenarreco, roupas típicas como os vestidos de Frida, acessórios de cabeça e artigos decorativos.
Uma das pioneiras entre as expositoras é Cátia Brehn, coordenadora do grupo Mãos do Bem. “Participo da Fenarreco desde sempre, inclusive das primeiras edições, quando ainda era no Clube Caça e Tiro. Este ano superou nossas expectativas, tivemos que repor o estoque várias vezes, porque os produtos estavam esgotando. É uma alegria muito grande poder transformar um pedacinho da nossa cidade em um item de recordação”, finaliza.
