O ministro Alexandre de Moraes determinou, nesta quarta-feira (18), a prisão preventiva de Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada após o advogado de Câmara, Luiz Eduardo Kuntz, tentar interferir na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o que levou Moraes a entender que o ex-assessor estava obstruindo as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022.
Marcelo Câmara já é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no episódio de 2022, e nesta semana, o advogado apresentou uma defesa prévia na qual incluiu prints e áudios de conversas entre ele e Mauro Cid. Esses documentos revelaram uma tentativa de obter informações confidenciais sobre o acordo de colaboração de Cid.
Tentativa de obstrução das investigações
De acordo com a decisão de Moraes, a tentativa de obter dados sigilosos sobre a delação de Cid é considerada um sério risco para o andamento da investigação. Moraes afirmou que o comportamento de Câmara e seu advogado indicava um “desprezo completo” pela autoridade judicial e sugeria uma continuidade de práticas ilícitas. O ministro destacou que, com a nova tentativa de interferir nas investigações, a liberdade do ex-assessor representava um risco claro de embaraçar o processo e comprometer a apuração dos fatos.
Nova investigação contra Câmara e seu advogado
Além de ordenar a prisão de Câmara, o ministro Moraes também determinou a abertura de uma nova investigação para apurar o crime de obstrução de justiça. Essa investigação envolverá tanto o ex-assessor quanto o advogado Luiz Eduardo Kuntz. Ambos terão que prestar depoimento à Polícia Federal dentro de 15 dias. Moraes também determinou que o depoimento de Mauro Cid fosse colhido, ampliando a apuração sobre a tentativa de obstrução da investigação que trata da tentativa de golpe.
Prisão e medidas cautelares anteriores
Marcelo Câmara já havia sido preso anteriormente em razão das investigações sobre o golpe de Estado, mas havia obtido liberdade provisória. Na ocasião, ele foi sujeito a medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais ou se comunicar com outros investigados, seja diretamente ou por meio de terceiros. A nova prisão de Câmara ocorre em razão de ações que indicam a continuidade de sua tentativa de influenciar o processo judicial.
Essa nova fase da investigação marca mais um capítulo importante no caso que envolve figuras ligadas ao governo Bolsonaro e à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.