O Dia Mundial da Obesidade, lembrado no 4 de março, data que serve para conscientizar as pessoas sobre a doença e incentivar a mudança de hábitos. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2024, divulgado pela Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF), atualmente 68% da população brasileira tem excesso de peso. Dentro desse percentual, 31% possuem obesidade e 37% estão com sobrepeso.
A projeção para os próximos anos é alarmante: estima-se que o número de brasileiros adultos vivendo com obesidade pode alcançar 119 milhões até 2030, um aumento significativo em relação aos 79 milhões registrados em 2015. Os dados indicam que a quantidade de homens obesos pode crescer 33,4%, enquanto entre as mulheres esse crescimento pode ser de 46,2%.
Em 2025, o tema do Dia Mundial da Obesidade é “Sistemas em mudança, vidas mais saudáveis”. O objetivo é alertar para a necessidade de mudar os sistemas que moldam a saúde, e não apenas culpar os indivíduos.
A obesidade é uma doença crônica que pode levar a outras doenças, como diabetes, hipertensão, asma, gordura no fígado e alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade um dos maiores problemas de saúde pública do mundo.
Sedentarismo e impactos na saúde
A obesidade não é apenas uma questão estética, mas um grave problema de saúde pública. No Brasil, entre 40% e 50% da população adulta não pratica atividade física regularmente, o que contribui para o aumento do sobrepeso. A falta de exercícios e a má alimentação impulsionam o crescimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC) e até mesmo alguns tipos de câncer.
Conforme o Atlas, 60,9 mil mortes prematuras no Brasil em 2021 podem ser atribuídas ao sobrepeso e à obesidade. O documento alerta que, se nenhuma ação eficaz for implementada, a tendência é de agravamento da situação nos próximos anos.
O cenário global da obesidade
O problema não é exclusivo do Brasil. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade, número que pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030 caso nenhuma ação eficaz seja implementada. O Atlas aponta que dois terços dos países não estão preparados para lidar com o aumento da obesidade, com apenas 7% das nações possuindo sistemas de saúde adequados para enfrentar essa questão.
A obesidade está associada a 1,6 milhão de mortes prematuras anuais, superando as fatalidades por acidentes de trânsito. O presidente da Federação Mundial da Obesidade, Simon Barquera, alerta para a gravidade do problema e destaca que governos devem tratar a obesidade com a mesma seriedade com que lidam com outras crises de saúde pública.
Brasil entre os países com mais políticas de combate à obesidade
Embora o Brasil esteja entre os 17 países com mais políticas voltadas para o combate à obesidade, ainda há desafios a serem enfrentados. O país possui diretrizes nacionais para o manejo do índice de massa corporal (IMC) elevado e de doenças crônicas relacionadas, mas ainda enfrenta um alto índice de sedentarismo. Além disso, o consumo de bebidas açucaradas no Brasil varia entre 1 e 2,5 litros por semana por pessoa, um fator que contribui para o aumento do excesso de peso.
Campanha ‘Mudar o Mundo Pela Saúde’
Para conscientizar sobre os riscos da obesidade e incentivar mudanças, a campanha Mudar o Mundo Pela Saúde busca mobilizar governos e a sociedade para ações efetivas. Como parte da iniciativa, a Abeso e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) lançaram o e-book gratuito ‘Mudar o Mundo Pela Nossa Saúde’, que propõe mudanças em políticas públicas e privadas para combater o problema de forma mais eficaz.
Diante desse cenário, especialistas reforçam que a obesidade não deve ser tratada apenas como uma responsabilidade individual. Medidas concretas, como taxação de produtos ultraprocessados, incentivo à atividade física e políticas públicas voltadas para alimentação saudável, são fundamentais para reverter a tendência de crescimento da obesidade no Brasil e no mundo.
Algumas recomendações para combater a obesidade são:
- Proteger, promover e apoiar o aleitamento materno
- Melhorar a nutrição e promover a atividade física em pré-escolas e escolas
- Criar ambientes de trabalho e de vida que facilitem o acesso a opções mais saudáveis
- Combater o estigma em torno da obesidade