“Essa vai ser a terceira foto pro meu álbum que eu vou fazer pra eles”, disse o pequeno João Miguel, ansioso e com um brilho que só fã de verdade tem. Ele veio de Joinville com os pais só pra ver o Nenhum de Nós de perto mais uma vez. Depois de ver a banda em Blumenau e na Festilha, escolheu “Astronauta de Mármore” como sua favorita. “Quando eu tava na barriga da minha mãe eu fazia assim, ó — e começou a dançar ali, encenando seus movimentos na barriga. “Comece a escutar Nenhum de Nós. É muito incrível e também faz uma emoção, eu amo eles. Eles são meus cantores favoritos”.
A apresentação da banda gaúcha encerrou a 24ª edição do Rock na Praça, evento gratuito organizado pela Prefeitura de Brusque por meio da Fundação Cultural, que fez parte das comemorações dos 165 anos da cidade. Mas o show deles foi só o final de uma programação que começou horas antes com músicos daqui mesmo.
Subiram ao palco as bandas Ruído Verbal, Ninguém Sabe, Buzzard Duo, Daguerre, Mosaico Híbrido, 7:27 e Pétala Quinto. Todas autorais, com integrantes da cidade e da região. A praça foi enchendo aos poucos e, quando a noite chegou, já não dava mais pra circular.
“É um evento que resistiu no tempo. Vai fazer 25 anos em 2026. E hoje a gente viu que o público não veio só pro Nenhum de Nós, a praça tava cheia desde o começo. Isso mostra como é importante abrir espaço pra quem tá começando, valorizar o que é feito aqui e sair um pouco do que toca só na rádio”, disse Igor Balbinot, diretor-geral da Fundação Cultural.
Na plateia, Rodrigo Bianchini, músico e fã de longa data, também reconheceu esse papel. “Já toquei em uns 17 Rock na Praça. Esse evento tem história. E o mais legal é que a estrutura melhorou, mas ainda é aberta pra gente daqui”, contou. Ele acompanha o Nenhum de Nós desde os anos 80 e, ao longo dos anos, virou amigo do guitarrista Veco. “A gente se conheceu por causa das guitarras antigas. Beatles, Stones, esse som meio folk que a gente curte e toca também. Casou tudo”.
O baterista Sady comentou sobre a troca. “Hoje em dia as bandas perguntam onde começar, porque não tem mais gravadora como antes. E a resposta é: começa aqui. Começa no teu bairro, na tua cidade. Esse tipo de evento é uma vitrine. E é uma troca boa pra todo mundo”.
No fim das contas, o domingo foi de praça cheia, música feita aqui e de longe, gente que veio de perto e de outras cidades só pra cantar junto. Entre banda autoral e refrão famoso, o Rock na Praça mostrou por que segue firme depois de tantos anos. Porque tem quem toque, quem ouça e quem volte, como o João Miguel, que já tá planejando a próxima foto pro álbum.
Fonte: Secom/Prefeitura de Brusque