O ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, morreu na madrugada deste domingo (20), aos 93 anos, em São Paulo. O velório será realizado na capital paulista, onde nasceu e construiu boa parte de sua carreira.
Marin foi presidente da CBF entre 2012 e 2015. Sua gestão ficou marcada pela organização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 e pela construção da atual sede da entidade, na Barra da Tijuca (RJ). No entanto, seu nome também entrou para a história do futebol mundial por envolvimento no escândalo de corrupção da Fifa, o “Fifagate”.
De político a dirigente do futebol
Antes de ingressar no mundo esportivo, José Maria Marin teve uma trajetória política relevante. Foi deputado estadual por São Paulo nos anos 1960 e, em 1980, foi eleito vice-governador do estado na chapa de Paulo Maluf. Dois anos depois, assumiu o governo do estado com a saída de Maluf para disputar eleições.
Sua ligação com o futebol começou oficialmente em 1982, como presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF). No Mundial de 1986, no México, foi chefe da delegação da Seleção Brasileira.
Prisão e escândalo internacional
Em 2015, Marin foi preso na Suíça durante uma operação conjunta com autoridades norte-americanas, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, fraude e organização criminosa. O caso ficou conhecido como Fifagate e envolveu diversos nomes do alto escalão do futebol mundial.
Levado aos Estados Unidos, foi condenado a quatro anos de prisão. Parte da pena foi cumprida em regime domiciliar em um apartamento de alto padrão na Trump Tower, em Nova Iorque. Ele usava tornozeleira eletrônica e pagou uma fiança de US$ 3 milhões para não fugir do país.
Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, obteve autorização para voltar ao Brasil por razões médicas.
Últimos anos e saída da mídia
Desde 2023, Marin enfrentava sérios problemas de saúde. Após sofrer um AVC, foi internado em São Paulo e passou a necessitar de cuidados médicos contínuos. Desde então, manteve-se afastado da mídia e da vida pública.
Após sua prisão, a CBF retirou as homenagens ao ex-dirigente. A placa com seu nome foi removida da fachada e, posteriormente, do batismo oficial do prédio, durante a gestão de Rogério Caboclo.
Marin também teve uma breve carreira como jogador de futebol. Atuou nos anos 1950 por equipes como o São Paulo, São Bento de Marília e Jabaquara, sem grande destaque técnico.
A morte de José Maria Marin encerra um capítulo controverso da história do futebol brasileiro — marcado tanto por protagonismo na organização do esporte quanto por envolvimento em escândalos de corrupção que abalaram a credibilidade das entidades esportivas no país e no mundo.