Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor:

JESUS MORRE NA CRUZ

Durante três horas, cravado ao madeiro da cruz, Jesus é exposto ao sol do meio-dia que logo para de brilhar, dando lugar a rajadas de um vento frio, cortante. Pendurado pelas mãos e apoiando-Se sobre os pés, o Senhor que sustenta nossa vida sofre com dificuldades de respirar. Sente uma sede aguda, penetrante; Suas entranhas queimam porque não Se alimentou desde a Última Ceia. 

É nessa terrível agonia que O vemos dirigir-Se ao Pai Celeste com um brado: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” (Mt 27,46). 

Como o amor de Deus é desconcertante! Permite que o Filho Unigênito “que está na intimidade do Pai” (Jo 1,18) experimente o abandono que nós mesmos tantas vezes experimentamos. Esse abandono do Pai vem como coroamento de todo o drama da Paixão. 

Junto ao Crucificado estavam apenas Sua Mãe, algumas mulheres e o Discípulo Amado (cf. Jo 19,25-27). 

Onde estavam os Apóstolos? E aqueles que O aclamaram no Domingo de Ramos? Onde estavam aqueles homens e mulheres que receberam tantos milagres de Suas mãos? Onde estão o cego de Jericó (cf. Lc 18,35-43) e a hemorroíssa (cf. Mc 5,24-34)? Onde estão o leproso (cf. Mt 8,2-4) e o paralítico (cf. Mc 2,1-12)? Onde estão os que Ele libertou do demônio (cf. Lc 4,40-42)? 

Contemplemos o Senhor que morre por nós no mais completo abandono. Ele experimenta a nossa fragilidade e penetra no fundo do abismo onde o pecado nos prostrou; de lá Ele sairá vitorioso daqui a três dias. Contempla, alma cristã, a cabeça de Cristo pendendo sobre o peito e voltada silenciosamente para esta Chaga que a Sua misericórdia permitiu que fosse aberta, de modo que todos pudéssemos nos aproximar do Seu Sagrado Coração. 

Tu, cujas misérias castigaram o Filho de Deus e cujos pecados cravaram-No a esta cruz, contempla-O morto por ti e para a tua redenção. Contempla-o e agradece tão grande mercê. 

Veja até onde as tuas culpas levaram o Senhor e diz-Lhe, no silêncio do coração: “Senhor, eu Vos amo e quero cada vez mais amar-Vos. Ajudai-me. Eu reconheço minhas faltas porque, no fundo, sou eu o Vosso assassino: perdão e misericórdia Senhor Jesus Cristo! 

- Historiador Paulo Vendelino Kons