Na noite desta terça-feira (14/10), o Teatro do CESCB foi palco da primeira edição do Sifitec em Foco, evento promovido pelo Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Brusque, Guabiruba e Botuverá. Com o tema “Reforma Tributária: Impactos para o Setor Têxtil”, o encontro reuniu empresários, profissionais do setor e especialistas para debater as mudanças que o novo sistema tributário trará às indústrias catarinenses.
O evento contou com palestras dos advogados Marcelo Schiochett, coordenador da área contratual do escritório Martinelli Advogados, e Thiago Matias Cardoso, head da área tributária da mesma instituição. A noite teve início com uma recepção às 18h30 e seguiu com duas exposições técnicas e um espaço de perguntas e respostas, encerrando com um coquetel para networking entre os participantes.
Efeitos da reforma nos contratos empresariais
Em sua apresentação, Marcelo Schiochett abordou os impactos da reforma tributária sobre os negócios jurídicos e contratos empresariais, destacando a necessidade de revisão e adequação imediata das relações comerciais.
“O novo modelo promete simplificar o sistema, mas ainda exigirá muita atenção. As empresas precisam revisar seus contratos, principalmente os de longa duração e representação comercial, pois serão fortemente afetados pelas mudanças”, afirmou Schiochett.
Ele também ressaltou que muitos empresários ainda não haviam considerado o efeito da reforma sobre contratos já vigentes, o que, segundo ele, pode gerar riscos e custos inesperados a partir de 2026, quando as novas regras começam a valer plenamente.
Mudanças práticas e desafios do novo sistema
Já o especialista tributário Thiago Matias Cardoso explicou os principais pontos da Lei Complementar 214/25, que cria o novo modelo de tributação com o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).
“A reforma muda a forma como as empresas brasileiras vão apurar e recolher tributos. Estamos caminhando para o modelo de IVA dual, semelhante ao usado em países da OCDE, com o objetivo de simplificar o sistema, reduzir a cumulatividade e ampliar a transparência”, explicou.
Cardoso também alertou que o período de transição até 2032 exigirá ajustes operacionais e tecnológicos das empresas. “Será um desafio grande de adaptação. As companhias precisarão rever sistemas, processos e o próprio fluxo de caixa, já que o recolhimento de tributos será antecipado pelo sistema de split payment”, completou.
Brusque como polo de debate e referência setorial
Para o presidente do Sifitec, Marcus Schlosser, o evento superou as expectativas e marcou o início de uma série de debates técnicos que o sindicato pretende promover.
“O tema é extremamente atual e continuará sendo pelos próximos anos, até a implantação definitiva da reforma. Acredito que todos saíram daqui com informações muito válidas para a gestão de seus negócios”, afirmou.
Schlosser destacou ainda que Brusque tem papel central no debate por ser uma das principais regiões têxteis do Brasil. “Nosso setor será diretamente afetado e precisamos estar preparados para lidar com questões como a redução de incentivos fiscais e o equilíbrio da concorrência, especialmente frente à competição internacional”, concluiu.
Com casa cheia e grande engajamento do público, o Sifitec em Foco reforçou o compromisso da entidade em promover conhecimento e fortalecer o setor têxtil diante das transformações econômicas e tributárias que se aproximam.