Entre os dias 21 e 23 de outubro, o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Brusque participará da Fenasan, Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, considerado o maior congresso de saneamento básico da América Latina, com presença de representantes de diversos países.
A autarquia apresentará um projeto voltado à substituição do gás cloro por peróxido de hidrogênio na Estação de Tratamento de Água Central (ETA Central). O projeto, intitulado “Avaliação Econômica do Uso de Peróxido de Hidrogênio como Agente de Pré-Oxidação em Relação ao Cloro no SAMAE de Brusque”, foi desenvolvido pelos servidores Ricardo Bertolotto (químico), Maycon Eduardo Nicoletti (agente de ETA), Luciano Camargo (técnico laboratorista) e André de Castro Nunes (operador de ETA).
A pesquisa que embasou o projeto foi realizada entre 2021 e 2022, com foco na viabilidade do uso do peróxido de hidrogênio como agente de pré-oxidação no tratamento de água. A partir de 2024, a nova tecnologia começou a ser aplicada de forma efetiva, substituindo a utilização do gás cloro como pré-oxidante. A mudança representa um avanço significativo tanto em termos de segurança operacional quanto na melhoria da qualidade da água distribuída à população.
A utilização do peróxido de hidrogênio na pré-oxidação da água tratada representou um avanço técnico e operacional importante para a equipe envolvida no projeto, que começou a ser desenvolvido em 2022, comenta Luciano Camargo, técnico laboratorista da Samae. “Além de comprovar a eficiência do produto nesse processo, foram realizados acompanhamentos constantes relacionados à segurança, custo e desempenho”.
O resultado superou as expectativas, continua Luciano, “houve uma melhoria na qualidade da água e uma redução significativa no uso de outros insumos químicos, já que o peróxido contribui para diminuir a demanda de produtos utilizados para tornar a água potável. Embora o uso do peróxido de hidrogênio não seja novidade em nível nacional, a companhia acredita ser a única em Santa Catarina a aplicá-lo especificamente na etapa de pré-oxidação”.
Sobre o projeto
O uso do peróxido de hidrogênio como alternativa ao gás cloro na etapa de pré-oxidação da água bruta vem ganhando espaço no setor de saneamento. Segundo Ricardo Bortolotto, responsável pelo estudo, a substituição já é documentada em diversos trabalhos científicos e aplicada por companhias de saneamento em várias regiões do Brasil. “Isso já é relatado em uso, já temos várias companhias do país que fazem uso do peróxido de hidrogênio para a pré-oxidação”, afirma. Em uma avaliação entre janeiro e setembro de 2024, a economia se aproximou dos R$200 mil.
De acordo com Ricardo, além dos benefícios técnicos observados na aplicação do peróxido de hidrogênio, o estudo trouxe à tona ganhos econômicos significativos. “O peróxido custa cerca de 20% do preço do gás cloro, então isso já dá uma redução econômica no custo da pré-oxidação”, explica. Mas os impactos não param por aí. A substituição também resultou na redução do consumo de outros produtos químicos utilizados ao longo do tratamento da água. “Alguns produtos chegaram a ter uma redução de até 33% no seu uso, e isso no final do período deu um reflexo econômico muito grande”, destaca.
Com base nos resultados observados, Ricardo defende a viabilidade e os benefícios da adoção do peróxido de hidrogênio no tratamento de água. “É viável e muito positivo fazer essa substituição. Nós conseguimos unir ganhos técnicos e financeiros”, ressalta. Para ele, esse tipo de abordagem integrada, que considera tanto a eficiência do processo quanto a sustentabilidade econômica, é essencial para o avanço do setor de saneamento no Brasil.
