Através de Carta Aberta enviada à imprensa, o Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores de Brusque e Região apresenta reflexões e posicionamentos sobre ações que poderão trazer reflexos aos trabalhadores do país.
Segundo nota enviada à imprensa, o “conteúdo desta carta reafirma a luta pelos direitos da classe trabalhadora e reforça o papel do Fórum como uma voz ativa em defesa dos interesses coletivos”.
A carta recebe a assinatura dos 11 sindicatos que integram o Fórum: SINTIMMMEB, SEC Brusque, SEEBB, SETHOBRU, SINDNAPI, SINDMESTRE, SINSEB, SINTIPLASQUI, SINTRAFITE , SINTRICOMB, SINTRIVEST.
Ao longo da mensagem, os sindicatos criticam o corte de gastos propostos pelo Governo Federal, condenam os atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e defendem o fim da jornada 6 x 1 sem redução de salários.
Confira:
Carta aberta do Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores de Brusque e região
No curso de uma das movimentações de trabalhadores mais orgânicas dos últimos tempos, pedindo o fim da jornada 6×1, fomos surpreendidos com um atentado à bomba realizado por um cidadão catarinense contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), órgão de natureza constitucional e indispensável à qualquer democracia. O STF tem tido destaque negativo nas manchetes nacionais e, mais uma vez, foi alvo de ataques violentos e antidemocráticos.
Enquanto isso, e sem grande alarde, o Executivo e o Legislativo preparam cortes de gastos públicos capazes de ferir a saúde e a educação pública, além de programas sociais como o BPC, o abono salarial, o seguro-desemprego, etc.
Os cortes, apresentados sob nomes pomposos como “arcabouço fiscal”, mascaram a gravidade das medidas. Toda a classe trabalhadora será prejudicada, pois é de amplo conhecimento que a escassez de dinheiro circulando no mercado resulta em concentração de renda nas mãos da parcela mais rica da sociedade. E sabemos: ninguém que vive exclusivamente de seu trabalho pertence a essa elite econômica.
O ataque ao STF tem origem no imaginário fantasioso de um grupo político que ignora que a política se constrói com diálogo e participação popular, não com golpes ou atentados. Quando a política falha em atender aos menos favorecidos cria-se um ambiente propício para ações desmedidas e impensadas; que faz imaginar que haverá um ser messiânico capaz de trazer as soluções que a classe trabalhadora tanto sonha e merece.
Aqui cabe nosso protesto: nós, a grande maioria do povo catarinense, não compactuamos com ataques terroristas como o ato que o Brasil assistiu. Esperamos que o governador do Estado também rechace o ato e manifeste solidariedade ao tribunal, pois se trata de órgão imprescindível ao nosso Estado Democrático de Direito.
Por outro lado, reafirmamos nosso compromisso de organizar nossa força e lutar em prol de um país mais justo e solidário. Um país em que os menos favorecidos tenham assistência, os trabalhadores tenham saúde e tempo para lazer e nossas crianças e adolescentes tenham amplo acesso ao ensino de qualidade.
Por essa razão apoiamos, sem ressalvas, a PEC que prevê a redução da carga horária semanal de trabalho – estagnada há quase quarenta anos em 44 horas – e o fim da escala 6×1, que obriga o trabalhador a atuar seis dias seguidos para folgar apenas um, que sequer precisa ser aos domingos: escolha que a lei concede aos empregadores.
A luta pela redução da jornada sem redução salarial é tão antiga quanto o movimento sindical. Essa pauta impulsionou greves históricas desde o princípio da Revolução Industrial e resultou em conquistas que hoje parecem óbvias, como a proibição do trabalho infantil, a proteção a gestantes e o direito à aposentadoria. Os argumentos contrários a essas conquistas sempre foram os mesmos: “o trabalho vai ficar caro”, “as empresas vão falir”, “a economia vai quebrar” ou “haverá miséria”. E, no entanto, a história mostra que isso nunca aconteceu.
Desde a promulgação da Constituição de 1988, assistimos a transformações tecnológicas extraordinárias: a popularização do computador e do celular, máquinas que revolucionaram a produção e extinguiram milhões de postos de trabalho. Mesmo assim, mantivemos os trabalhadores obrigados a uma carga horária desatualizada que, aliada ao avanço tecnológico, empurra milhões pessoas em idade produtiva ao desemprego.
Reduzir a jornada é uma questão de justiça. Jornadas longas significam menos tempo para educação, lazer e participação nas comunidades. Impedem também a criação de novos empregos, dificultando a inclusão de trabalhadores no mercado formal.
A automatização da produção já transformou o mundo do trabalho. Agora é o momento de usar o progresso para beneficiar as vidas dos trabalhadores. A redução da jornada e o fim da escala 6×1 são os primeiros passos dessa evolução inevitável.
A história prova: onde a jornada de trabalho se reduz, a cidadania se amplia. É hora de avançarmos por justiça, dignidade e um futuro solidário para todos os trabalhadores!