Um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado com base no Censo Demográfico de 2022, confirmou que Silva é o sobrenome mais comum do Brasil, presente em 34 milhões de registros civis, o equivalente a 16,76% da população brasileira.
A pesquisa integra o projeto Nomes no Brasil, que catalogou cerca de 200 mil sobrenomes diferentes atualmente em uso no país. O levantamento também revelou curiosidades históricas, sociais e culturais que explicam a presença marcante de nomes como Silva, Santos, Oliveira, Souza e Pereira.
A força dos Silvas no país
O sobrenome Silva está espalhado de norte a sul do país, mas se concentra principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Em Alagoas, 35,75% da população tem o sobrenome; em Pernambuco, são 34,23%.
O caso mais impressionante ocorre no município de Belém de Maria (PE), onde 63,9% dos moradores possuem o sobrenome Silva — quase três em cada cinco habitantes.
Ranking: os 20 sobrenomes mais comuns
Segundo o IBGE, esses são os sobrenomes mais registrados no Brasil:
- Silva – 34.030.104
- Santos – 21.367.475
- Oliveira – 11.708.947
- Souza – 9.197.158
- Pereira – 6.888.212
- Ferreira – 6.226.228
- Lima – 6.094.630
- Alves – 5.756.825
- Rodrigues – 5.428.540
- Costa – 4.861.083
- Sousa – 4.797.390
- Gomes – 4.046.634
- Nascimento – 3.609.232
- Araújo – 3.460.940
- Ribeiro – 3.127.425
- Almeida – 3.069.183
- Jesus – 2.859.490
- Barbosa – 2.738.119
- Soares – 2.615.284
- Carvalho – 2.599.978

Foto: Secretaria-Geral
Por que Silva é tão popular?
A origem do sobrenome Silva remonta à Roma Antiga, onde o termo latino significava “selva” ou “floresta”. Depois de desaparecer com a queda do Império Romano, o nome ressurgiu na Península Ibérica por volta do século XI, ganhando força entre as famílias portuguesas.
No Brasil, Silva chegou com os colonizadores portugueses e se espalhou rapidamente. Muitos imigrantes adotavam o sobrenome por anonimato, conveniência ou tradição. Entre pessoas escravizadas, era comum receber o sobrenome dos senhores, geralmente precedido por “da”, como em “da Silva”.
Sobrenomes contam histórias familiares
Sobrenomes como Pereira, Rodrigues, Alves e Lima refletem influências geográficas, ocupacionais e genealógicas. Na tradição portuguesa, por exemplo, a terminação “es” (como em Gonçalves) indica filiação ou descendência.
Outros nomes vieram da ocupação, como Ferreira (ferreiro), ou de características físicas, como Soares (filho de Soeiro).
Também há influência religiosa. Mulheres frequentemente recebiam sobrenomes como “de Jesus” ou “da Anunciação”, independentemente do nome do pai.
Como surgem os sobrenomes?
Até a Idade Média, na Europa, as pessoas tinham apenas nomes próprios. Os sobrenomes começaram a se consolidar entre os séculos 11 e 13, principalmente por necessidade de identificação.
Alguns eram derivados da profissão, outros da localidade, características físicas ou nomes de antepassados. No Brasil, a miscigenação, a colonização portuguesa e o papel da Igreja Católica foram decisivos para formar a atual estrutura de nomes.
E por que mulheres adotam o sobrenome do marido?
Esse costume veio da Inglaterra do século 14, onde, ao casar, a mulher perdia seus bens para o marido — e o novo sobrenome simbolizava essa posse. No Brasil, essa tradição virou lei no Código Civil de 1916 e só deixou de ser obrigatória após 1977.
Atualmente, com o novo Código Civil (2002), tanto o homem quanto a mulher podem adotar o nome do cônjuge, embora a prática ainda seja mais comum entre as mulheres. Em 2022, apenas 0,7% dos maridos adotaram o sobrenome da esposa.

Foto: Bigstock
Sobrenome também é status
Alguns sobrenomes ganharam peso social ao longo do tempo. É o caso dos Moreira Salles ou Ruy Barbosa, que se tornaram marcas familiares reconhecidas no Brasil por meio da atuação de figuras públicas e intelectuais.
Sobrenomes podem abrir portas, simbolizar tradições ou se reinventar conforme os caminhos dos descendentes.
O que o seu sobrenome diz sobre você?
Mais que uma formalidade em documentos, o sobrenome é uma herança histórica e cultural. Ele guarda memórias de origem, trajetória familiar, tradições e, muitas vezes, reflete a própria formação do Brasil.
Se você é um Silva, um Santos ou tem outro nome popular, saiba que está inserido em uma trama ancestral que ajuda a contar a história de um país inteiro.















