O preço do café no Brasil atingiu níveis históricos, chegando ao valor mais alto desde 1997. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em agosto de 2024, o café foi vendido a um preço médio de R$ 39,63 por quilo, impulsionado por uma combinação de fatores climáticos adversos e alta demanda global.
Fatores climáticos e impacto nas safras
A seca histórica que o Brasil enfrenta tem afetado diretamente as lavouras de café, o que reflete no aumento expressivo dos preços. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço do café moído subiu 16,6% no último ano, bem acima da inflação, que foi de 4,2% no mesmo período. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também revelou que a produção de café em 2024 deve ser 6,8% menor do que o estimado inicialmente, totalizando 54,7 milhões de sacas, devido à seca prolongada e temperaturas elevadas.
Crescimento da demanda global
Além da queda na produção brasileira, grandes produtores de café ao redor do mundo, como Vietnã, Indonésia e Colômbia, também enfrentam dificuldades climáticas. Esse cenário, aliado ao aumento da demanda global por café, intensifica a pressão sobre os preços, tanto no Brasil quanto no mercado internacional.
Previsões de alta até 2025
Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic, afirma que não há expectativa de queda nos preços antes de março ou abril de 2025. Pelo contrário, a tendência é de alta. A escassez de chuvas e o aumento das temperaturas afetam não apenas a safra de 2024, mas também a produção esperada para o início de 2025. Silva ressalta que, em janeiro de 2021, o quilo de café custava R$ 15,37, representando um aumento de 157% em apenas três anos e meio.
Crise no mercado global de café
Outro fator que afeta o preço é a mudança no valor dos tipos de café. O robusta, historicamente mais barato, superou o preço do arábica pela segunda vez na história. Em agosto, a saca de 60 kg de café robusta chegou a R$ 1.483,95, um valor 74% maior que no ano anterior. Este aumento coloca uma pressão adicional sobre os consumidores, já que o café robusta, utilizado em blends de café mais populares, é agora mais caro para a indústria brasileira.
Perspectivas para o futuro
Embora os preços mais altos possam compensar parte das perdas dos produtores, muitos ainda enfrentam dificuldades devido à baixa produção. “Às vezes, o produtor prefere um preço um pouco mais baixo, mas com o produto na mão”, afirma Felipe Maciel, produtor de café na Fazenda Terra Preta. O cenário futuro, tanto para a indústria quanto para os consumidores, continua incerto, com uma nova realidade de produção e precificação se desenhando nos próximos anos.
Com esses fatores em jogo, os consumidores devem se preparar para preços ainda mais altos nos próximos meses, enquanto a indústria brasileira de café se ajusta a um mercado global em constante mudança.