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Lula defende soberania do Brasil e critica sanções dos EUA durante discurso na ONU

Presidente brasileiro acusa "falsos patriotas" de articulação contra o Brasil em discurso na ONU

Fonte: ONU/Reprodução Youtube

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na abertura da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (23/9), destacando a defesa da soberania brasileira e criticando diretamente as “sanções arbitrárias” impostas pelo governo de Donald Trump. O discurso de Lula ocorreu em um contexto de crescente tensão entre os dois países, especialmente após o recente aumento das tarifas sobre produtos brasileiros e as sanções a autoridades brasileiras, como a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Lula reafirmou o compromisso do Brasil com sua independência e sua democracia, destacando que o país não se submeteria a pressões externas. “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral”, afirmou o presidente.

Críticas à extrema-direita e à ingerência externa

O presidente também direcionou suas críticas à atuação de figuras da extrema-direita, que, segundo ele, têm se aliado a interesses externos para promover ações contra o Brasil. Lula se referiu especificamente ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ao influencer Paulo Figueiredo, que têm articulado junto ao governo norte-americano para implementar sanções contra autoridades brasileiras. “Falsos patriotas promovem ações publicamente contra o Brasil”, disse o presidente, ao acusar essa ala da política de buscar enfraquecer o país.

Além disso, Lula condenou a ingerência política externa no Brasil e defendeu a independência do Poder Judiciário. “A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema-direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias”, afirmou, reforçando a ideia de que não haveria “pacificação com impunidade”.

A ofensiva militar de Israel e a questão de Gaza

O discurso de Lula também abordou questões internacionais delicadas, como a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza. O presidente brasileiro reafirmou a posição do Brasil contra qualquer ato de genocídio, declarando que “os atentados terroristas perpetuados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”.

Lula também criticou a atuação da ONU, dizendo que a organização estava enfrentando desafios para preservar sua autoridade e eficácia. “A autoridade desta Organização está em xeque”, afirmou o presidente, destacando o enfraquecimento do multilateralismo e a crescente prevalência de sanções arbitrárias e intervenções unilaterais.

Sanções dos EUA e as tensões com Trump

O discurso de Lula na ONU ocorre em meio à recente intensificação das tensões com os Estados Unidos, especialmente com o governo Trump. Apenas no dia anterior, os EUA anunciaram novas sanções a autoridades brasileiras, incluindo a inclusão de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF, Alexandre de Moraes, na lista de sancionados pela Lei Magnitsky. Além disso, o governo norte-americano suspendeu os vistos de outras figuras políticas do Brasil, como o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Este é o primeiro encontro de Lula com os Estados Unidos desde a imposição das tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros por Trump. O presidente brasileiro já havia declarado que estava disposto a negociar as tarifas diretamente com o presidente dos EUA durante sua passagem por Nova York. No entanto, até o momento, não há sinal de uma conversa direta entre os dois líderes, embora eles estejam presentes na mesma cerimônia.

Agenda de Lula na ONU e temas abordados

Lula chegou a Nova York no domingo (21/9) e cumprirá sua agenda até quarta-feira (24/9). Durante sua visita, o presidente brasileiro participará de reuniões sobre democracia, combate ao extremismo, meio ambiente, e a resolução do conflito em Gaza, entre outros tópicos. A primeira-dama Janja Lula da Silva também acompanha o presidente em parte da agenda, com foco na COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro.

Além disso, o presidente brasileiro participou, no dia 22/9, da Conferência Internacional para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, organizada por França e Arábia Saudita. Na quarta-feira (24/9), Lula co-presidirá uma reunião sobre a defesa da democracia, ao lado dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez. A reunião visa reafirmar os compromissos globais em torno da democracia, do multilateralismo e do Estado de Direito.

Polêmicas envolvendo vistos e a delegação brasileira

A visita de Lula aos Estados Unidos foi marcada por polêmicas relacionadas ao processo de obtenção de vistos para membros da comitiva brasileira. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por exemplo, enfrentou dificuldades para obter seu visto e, quando finalmente liberado, recebeu restrições de circulação na cidade de Nova York. Essas dificuldades ocorreram poucos dias antes do evento, gerando incertezas sobre a presença de algumas autoridades brasileiras.

A delegação brasileira também enfrentou críticas relacionadas à decisão do governo dos Estados Unidos de revogar vistos de autoridades ligadas ao programa Mais Médicos, afetando membros da família de Padilha. As tensões diplomáticas entre os dois países continuam a ser um tema central da visita de Lula à ONU.

Próximos passos para Lula

A partir de agora, Lula deve se concentrar em sua agenda de reuniões bilaterais e eventos multilateralistas durante sua estadia em Nova York. Sua próxima participação importante será na Cúpula das NDCs, focada em ação climática, além de encontros sobre adaptação climática e o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

O presidente também deve ter reuniões com líderes de diferentes países e com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para discutir questões de governança global e paz.

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