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Presidente da AMA Brusque discursa aos vereadores na Tribuna Popular

“Precisamos muito do apoio desta casa e da comunidade para ampliar o nosso espaço e os atendimentos”, afirma Márcia Graf F. Gonzaga

Fonte: Aline Bortoluzzi/Câmara de Brusque

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O Legislativo brusquense recebeu a presidente da Associação dos Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas de Brusque e Região (AMA), Márcia Graf Faria Gonzaga, na sessão ordinária de 15 de abril. Na tribuna, ela refletiu sobre tópicos relacionados ao Abril Azul, campanha de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e discorreu acerca dos desafios que a entidade enfrenta a fim de garantir os direitos e a inclusão das pessoas com TEA e requereu o apoio da Câmara Municipal às demandas da AMA.

Resistência à inclusão no ambiente escolar

“Lutamos para que essas pessoas sejam parte da sociedade de maneira plena, para que não apenas tenham acesso ao direito de serem matriculadas numa escola regular, mas que tenham oportunidades de aprender. Isso é algo que ainda está bem distante. É um privilégio termos a Secretaria Municipal da Educação e o Namei [Núcleo de Apoio Multiprofissional à Educação Inclusiva] que temos. São pessoas extremamente comprometidas com a inclusão, mas infelizmente ainda temos as barreiras atitudinais, pessoas que não conseguem entender o autismo como deficiência”, disse a oradora. “Vemos muita resistência na inclusão das pessoas autistas, na adaptação de atividades, no acompanhamento com o monitor especializado, o atendente terapêutico, o atendente pessoal. Muitas das acomodações necessárias para autistas, infelizmente, são vistas como privilégios. Sem esses privilégios, a criança não consegue aprender”.

“Autismo não tem cura, mas tem tratamento”

“Temos uma parceria muito forte com a Secretaria da Educação. Nós sabemos que os professores precisam de apoio, suporte, formação. Nós participamos de formações e auxiliamos, dentro da nossa limitação de trabalho voluntário, esses professores a dar informação, a mostrar o que é o autismo, esse transtorno do neurodesenvolvimento que surge no momento em que o cérebro está se formando. Não é uma doença, portanto, não tem cura, mas tem tratamento. Essas pessoas querem estudar, querem ter oportunidade de emprego e contribuir com a sociedade, mas para isso precisam de suporte, precisam de ajuda”, defendeu.

Suporte em três pilares

Para a presidente da AMA, são três os principais pilares de suporte às pessoas com TEA: o suporte da família e para a família, a inclusão na escola e as terapias. “Nós temos mais de mil pessoas autistas cadastradas, mas sempre vamos falar que são famílias, porque ninguém é autista sozinho. A família precisa dar o suporte para que essa pessoa possa se desenvolver”, afirmou. “E a gente precisa dar suporte para essa família, porque muitas vezes o pai abandona o lar e a mãe fica com a responsabilidade toda para si, não consegue trabalhar, nem dar as terapias que a criança precisa. Precisamos da inclusão escolar. O autista não pode sair do Ensino Médio sem estar alfabetizado, não pode ser empurrado de uma série para outra. Ele precisa ter acesso à educação da mesma maneira que as outras pessoas”, prosseguiu. “Nos últimos anos, a AMA assumiu o compromisso de prover terapias gratuitas e de qualidade para os autistas. Não foi fácil, mas conseguimos”.

Limitações e demandas

Embora comemore as conquistas, a ativista aponta a limitação de espaço e de profissionais da AMA, bem como a fila de espera por atendimento registrada pela associação. “A partir do momento que uma criança ou adolescente entra na AMA, ela só vai ganhar alta quando estiver pronta. Uma vez lá dentro, ela vai ter todo o suporte necessário, enquanto precisar, de maneira individualizada”, explicou. “Isso custa muito caro. As famílias não têm condições de custear esses gastos. A AMA absorve um pouco dessa demanda, mas precisamos muito do apoio desta casa e da comunidade para ampliar o nosso espaço e os atendimentos. Precisamos de profissionais que, muitas vezes, nem no [sistema] particular conseguimos – neuropediatra, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional – mas estamos empenhados em fazer o possível para aumentar essa oferta e atender a todos. É o nosso sonho”, salientou.

“Essa casa já esteve ao nosso lado muitas vezes, com muitos projetos de leis, como o que proibiu fogos de artifício com estampido. Só nós sabemos a diferença que faz esse tipo de lei. Esperamos que os senhores possam nos ajudar e conhecer a nossa entidade. Estamos de portas abertas aos que ainda não a conhecem. O nosso trabalho é totalmente gratuito: formações, palestras, cursos, atendimentos. Atendemos mais de 200 crianças com terapias individualizadas, avaliação neuropsicológica. Não temos conhecimento de alguma cidade que faça esse tipo de avaliação tão completa pelo SUS. Nós fazemos. A gente conseguiu muita coisa, mas ainda temos muito a conseguir. Contamos com o apoio dos senhores e da comunidade, porque sozinho a gente não faz nada. A gente precisa se unir: a comunidade, nós, com o nosso trabalho voluntário feito com todo amor e dedicação, e o poder público. Quando conseguirmos ampliar isso, Brusque vai ser uma referência no tratamento do autismo e na inclusão das pessoas autistas”, concluiu.

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