O Banco Central (BC) revelou que, nos primeiros nove meses de 2024, um terço dos pedidos de devolução de transferências via Pix, feitas principalmente por suspeita de fraude, foram aceitos. De um total de 3,56 milhões de solicitações, o BC restituíu 1,13 milhão, resultando em R$ 392,7 milhões devolvidos aos clientes de janeiro a setembro deste ano, um aumento de 47,6% em relação ao mesmo período de 2023.
Crescimento dos casos e recordes mensais
Em setembro, o sistema de devolução de Pix, conhecido como Mecanismo Especial de Devolução (MED), registrou o maior volume mensal de restituições desde sua implementação, em novembro de 2021. Foram mais de 165 mil devoluções, com um montante de R$ 83,4 milhões, recorde para um único mês. Contudo, apesar desse volume expressivo de devoluções, cerca de R$ 4,4 bilhões permanecem sem retorno para as supostas vítimas de golpes.
Casos como o de Iran Pereira, um mensageiro de hotel que perdeu R$ 15 mil após ser enganado por uma pessoa que se passou por gerente do Nubank, destacam a dificuldade de recuperação dos valores. Segundo ele, ao perceber o golpe, acionou seu banco, mas foi informado que o valor já havia sido transferido para uma terceira conta, dificultando o rastreamento.
Mudanças no sistema de rastreio de fraudes
Com o aumento nas ocorrências de golpes, o Banco Central planeja aprimorar o sistema de devolução para permitir o rastreamento de valores transferidos para outras contas, facilitando a recuperação de recursos. As atualizações do sistema devem entrar em vigor no primeiro trimestre de 2026, permitindo monitorar movimentações adicionais e oferecendo um nível de proteção mais robusto contra a disseminação de fundos fraudulentos.
Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), comentou sobre o aperfeiçoamento do sistema: “Observamos que os criminosos espalham o dinheiro rapidamente em várias contas, por isso é essencial aprimorar o sistema para cobrir mais camadas.”
Segurança digital e ferramentas de proteção
Para complementar as medidas do BC, diversos bancos e fabricantes de celulares estão aprimorando suas ferramentas de segurança. Bancos como Bradesco, Nubank, Itaú e Banco do Brasil contam com sistemas de inteligência artificial e alertas de movimentações incomuns, visando aumentar a segurança dos clientes. Por exemplo, o Bradesco utiliza a tecnologia de inteligência artificial BIA para verificar transferências e gastos, enquanto o Nubank dispõe de alertas de golpe e reconhecimento facial para prevenir fraudes.
Fabricantes de celulares também investem na segurança dos dispositivos: a Motorola oferece o Moto Secure, enquanto a Xiaomi disponibiliza o bloqueio de aplicativos e uma área de proteção com senha adicional. Essas medidas buscam reduzir os riscos para usuários de Pix e melhorar a segurança dos dados.