A continuidade do projeto “Interação Social e o Ensino da Língua Portuguesa – Conversação para Imigrantes em Brusque”, de iniciativa da professora e arte-educadora Anelede Feuzer e outros voluntários, foi tema da Assembleia do GRUPIA de 13 de junho, iniciada às 9h no auditório do Bloco C da Unifebe.
Professora Anelede destacou que um dos maiores desafios dos imigrantes haitianos é o aprendizado da língua portuguesa. “A dificuldade de comunicação os isola e acaba tendo efeitos no desempenho no trabalho, na busca de serviços, nas relações interpessoais, dentre outras situações do cotidiano”, destacou.
Fruto da disposição de trabalhar voluntariamente, o projeto, iniciado em 2015, foi executado em 2023 na EEB Francisco de Araújo Brusque, mas no ano em curso ainda não reiniciou as atividades, por falta de espaço.
Conforme informações obtidas pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Família (CDH) da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, deputado Oscar Gutz, a Secretaria de Estado da Educação não renovou a autorização para uso do espaço em virtude de restrições advindas com o ataque, em 5 de abril de 2023, no Centro de Educação Infantil Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, que resultou em quatro crianças mortas.
Em contato com o GRUPIA, o advogado Thiago Martins Bechkert, assessor jurídico do gabinete de Oscar Gutz, afirmou que “o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Família continua se empenhando para obter a renovação da autorização de uso do espaço.
A arte-educadora Anelede Feuzer lembrou aos participantes da Assembleia do GRUPIA que “em cada município que recebe imigrantes como Brusque, se faz necessário se ter uma Central de Atendimento aos Imigrantes, que chegam na cidade sem a conhecer, sem falar o idioma e precisam sobreviver com o mínimo de dignidade: Educação, Saúde (anamnese), mercado de trabalho, supermercado e documentos, como passaporte, carteira de trabalho, carteira de identidade, CPF, carteira de saúde, carteira de motorista, entre outros, que são indispensáveis”.
Anelede informou que a maioria dos imigrantes haitianos falam de três a cinco idiomas, mas a maioria não fala, lê ou escreve em português. Disse também que no início do Projeto, em 2015, 90% eram haitianos, os outros 10% eram árabe, turco e cubano. Hoje os haitianos e os venezuelanos, quase na mesma proporção, demandam o Projeto a procura das aulas de português.
Às 16h53 de 12 de janeiro de 2010, um terremoto de 7,3 graus na escala Richter atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe. Com epicentro próximo à principal cidade haitiana, o sismo causou enorme destruição, matou cerca de 230 mil pessoas e deixou mais de um milhão de desabrigados.
Após o terremoto, os haitianos começaram a emigrar para vários países do mundo. No início de 2015 chegaram os primeiros em Brusque.
Já em 2017, chegaram os primeiros refugiados venezuelanos em nossa cidade. Deixam a Venezuela para escapar da insegurança e das ameaças, assim como da falta de alimentos, remédios e serviços essenciais.
A Assembleia do GRUPIA deliberou oficiar ao Executivo municipal e estadual, bem como às casas legislativas de Brusque e Santa Catarina, pedindo a liberação de espaço para a continuidade de tão relevante projeto.
O médico Sebastião Isfer de Lima destacou a importância de se “buscar também auxílio em entidades comunitárias e organizações empresariais para a continuidade do Projeto, enquanto o Poder Público não cumprir o seu dever”.
Decano do GRUPIA, Padre Alvino Milani definiu o Projeto como “uma ação necessária e relevante, que contempla plenamente o lema do GRUPIA: ‘das palavras para a ação’, e deve contar com o apoio e a participação de todos os que queiram fazer uma ação concreta”.
Além do espaço, para a retomada do Projeto em muito auxilia a doação da cartilha de alfabetização, específica para o atendimento dos imigrantes.